quinta-feira, 15 de abril de 2010

Principais Cargos dos Candomblés de Jeje.

Agbajigăn (Agbadjigã)- Literalmente: O chefe da praça, agbají, local em frente ao convento onde ficam os tambores e as pessoas se reúnem para assistirem as saídas do vodún. Amawáfá (Aman-Uafá)- Literalmente: A folha que vem fresca; entendido pelos nagôs como onan ofà (onã ofá). Função do catador de folhas num zogbé ou zùngbó. Derε (Deré)- Primeira auxiliar do sacerdote. Donε (Doné)- Sacerdotiza do culto de Heviosso; título muitas vezes extensivo aos sacerdotes de jívòdún. Dotε (Doté)- Sacerdote do culto de Heviosso; título muitas vezes extensivo aos sacerdotes de jívòdún. Gayaku (Gaiacú)- Sacerdotisa do rito Nagô Vodum do candomblé. Găn n'kpè (Gaimpê)- Auxiliar do KPèjígăn; é aquele que sacrifica somente aves no altar. De Găn yĭ kpè, literalmente: O chefe que recebe a pedra (de seu predecessor o KPèjígăn ). Hŭn tɔ́ (Runtó) - o pai (tɔ́) do tambor (hŭn). Aquele que toca atabaques (Alagbe em Jeje Mahi e no rito Nagô Vodum). Hŭn tɔ́găn (Runtó Gã) – O chefe dos tocadores de atabaques. Ele dá o ritmo com o gàn (instrumento de ferro) aos tocadores. Função feminina em Mina Jeje e no Tambor de Mina (Hùn nɔ́găn). Hŭnsὲngăn (Russengã,Ruzengã ou Rozengã)- Auxiliar imediata do vodum. O mesmo que ekεji (ekédji) do yorùbá ekeji (segunda). A palavra ekεji é mais usual em candomblé Jeje Mahi e no rito Nagô vodum. KPèjígăn (Pejigã)- Literalmente: O chefe do kpèjí, altar, é aquele que sacrifica o bicho de 4 patas. Mεjitɔ́ (Mé-djitó, mejitó)- Literalmente pai ou mãe, no seio familiar; é o sacerdote do culto de Dàn. Nágbó (Nangbô)- Literalmente: A grande mãe. Mulher mais velha que instrui a hunsɔ́ e o hùndevá, que são iniciantes (vodunsi) em processo de recolhimento. Ogan Kútɔ́ (Ogã cutó) ou Kútɔ́găn- Aquele que é responsável pelos rituais pós morte (kú) e pelo sìnhún (tambor d'água). Yátemi- Título de uma sacerdotisa de qualquer divindade no nagô. Vem do yorùbá arcaico “iyà ti ëmi” (mãe de eu). Literalmente “minha mãe”, para não se pronunciar “Yá mi” que é o nome da coletividade de mães ancestrais, quando se pronuncia este nome ancestral tem que se estar de pé e em seguida saudá-las, sendo sem querer, bate-se na própria boca e pede-se perdão, pois o fez em vão. Esta é uma visão dos cargos mais importantes nos candomblés Jeje de uma forma geral, não nos esquecendo que os títulos variam muito, os dispostos aqui são mais voltados para os segmentos de Jeje Mahi, Daomé, Savalu e Modubi, com ligeiras modificações de um segmento para o outro.

 


 

Complemente com esta leitura: O BARCO DE VODUNSIS

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dangbé, Origem Adangbe.



Ga-Adangbe

O Idioma:
Os nomes alternativos são: DANGBE, ADANTONWI, AGOTIME, ADAN

Região:
Área de fronteira com o Togo diretamente a leste de Ho. Os Agotime estão principalmente em Gana, na região Volta, nas cidades de Gana estão em Kpoeta Apegame, entre outras. O idioma é falado também no Togo.
O Adan e o Agotime são grupos étnicos distintos que falam o Adangbe.

O povo Ga-Adangbe habita as planícies de Accra. O Adangbe é encontrado a leste, e os grupos Ga, a oeste do litoral de Accra. Embora ambas as línguas sejam derivadas de uma língua proto-Ga-Adangbe, ancestral comum, o Ga moderno e o Adangbe são mutuamente ininteligíveis. O Adangbe moderno inclui o povo de Shai, La, Ningo, Kpone, Osudoku, Krobo, Gbugble e Ada, que falam dialetos diferentes. O Ga inclui também os grupos de Ga-Mashie que ocupam bairros na região central de Accra em Gana e outros outros falantes Ga que migraram de Acuamu, Aneho (Pequeno Popo) no Togo, Akwapim, e áreas adjacentes. Os Adangbe no Togo foram um dos pré-ajá.

Debates persistem sobre as origens do povo Ga-Adangbe. Uma escola de pensamento sugere que o povo proto-Ga-Adangbe veio de algum lugar a leste de Accra na planície (o povo Adangbe também esteve estabelecido, durante um período, no norte da Nigéria), enquanto a outra sugere uma localidade distante, bem além da costa do Oeste Africano, seriam originariamente núbios.

“A Núbia é a região situada no vale do rio Nilo que atualmente é partilhada pelo Egito e pelo Sudão mas onde, na antiguidade se desenvolveu o que se pensa ser a mais antiga civilização negra da África (baseada na civilização anterior do Baixo Egito, que deu origem ao reino de Kush, que existiu entre o 3º milénio antes de Cristo e o século IV da nossa era). Este reino foi então dominado pelo reino de Axum e aparentemente, os núbios formaram novos pequenos estados fora da região ocupada. Um deles, Makuria tornou-se preponderante na região, assinando um pacto com o Egito islâmico para conservar a sua religião cristã (copta), que conservou até o século XIV, quando foi finalmente submetida aos árabes dominantes, mais precisamente dominada pelos Turcos Mamelucos por volta de 1315. Eles impuseram sua religião muçulmana e colocaram no poder um príncipe Núbio convertido ao Islã.
No entanto, a parte sul conservou-se independente, como o reino de Sennar, até o século XIX, quando o Reino Unido ocupou a região. Com a independência dos atuais estados africanos, os núbios ficaram divididos entre o Egito e o Sudão.
Nesta região, na grande curva do Nilo, na parte sudanesa, encontram-se as ruínas das cidades de Napata, perto do monte Gebel Barkal, e Meroe que foram inscritos pela UNESCO, em 2003, na lista do Patrimônio Mundial.
Apesar de essas teorias históricas e linguísticas, fica acordado que as pessoas que foram assentadas nas planícies por volta do século XIII, tanto o Ga e o Adangbe foram influenciados por seus vizinhos. Por exemplo, ambos emprestaram algo de seu vocabulário, especialmente palavras relativas às actividades econômicas e políticas, a partir do Guan. Acredita-se também que o Éwé influenciou o Adangbe. (Fonte: Wikipédia).”

Dangbé:
A serpente sagrada Dangbé, principalmente cultuada em Ouidah, Benin, tem sua origem de culto nos Adangbé, e tal culto foi muito difundido no passado.
Os Ga-Adangbe cultuam suas divindades sobre o “otutu” (*), uma espécie de cone sobre qual é depositado o fetiche Dangbé. A escola de pensamento que sugere a origem Núbia assimila o cone-altar como tendo origem nas conhecidas Pirâmides.
Dangbé (com som de “E” fechado) é uma palavra de origem Gá-Adangbe e não deve ser traduzida como se fosse uma palavra Fon. Adan refere-se ao povo e ao idioma, e Gbe ao idioma dos Adan. Traduções de Dangbé como serpente da vida são errôneas, visto que em Fon a palavra gbè é idioma, e vida em fon é Gbὲ, com som de “E” aberto.

(*)- Otutu: Altar em Ga-Adangbe, já em fongbè otutu é oferenda e nome do pássaro de Legba, do iorubá etutu.